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Repara só: como o Procompi mudou a trajetória de 15 oficinas mecânicas em Minas Gerais 43g5g

Por Agência CNI de Notícias - Publicado 21 de maio de 2025

Desorganização e ausência de processos internos deram lugar à profissionalização, com redução de custos e aumento do fluxo de clientes e faturamento das empresas


Paredes sem acabamento. Chão manchado de óleo. Ferramentas fora do lugar. Desorganização. Essa é a imagem que vem à cabeça de muita gente quando o assunto é oficina mecânica. Para os clientes de 15 oficinas mineiras, no entanto, essa descrição não faz mais sentido algum. A realidade com a qual eles se deparam é outra depois que os estabelecimentos participaram da primeira chamada do ciclo 2023-2026 do Programa de Apoio à Competitividade das Micro e Pequenas Empresas, o Procompi.

O projeto surgiu a pedido do Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos e órios do Estado de Minas Gerais (Sindirepa MG), que via na desorganização dos processos e do espaço físico das oficinas a causa para desperdício, baixa produtividade e atendimento ineficiente. “Eu visitei algumas empresas no interior e na capital e vi que existiam essas carências. Levei a demanda para o IEL [Instituto Euvaldo Lodi], que envolveu o Procompi”, conta o presidente do Sindirepa MG, Alexandre Mol.


“Depois de diagnosticar esses problemas, nós fizemos uma pesquisa para entender como cada oficina desempenhava em uma série de indicadores, estabelecendo um nível de maturidade individual”, afirma Ana Carolina da Silva, analista do IEL-MG e consultora do projeto.


A partir do dossiê de informações personalizado, os consultores do projeto elaboraram um plano de trabalho para cada oficina. Entre agosto de 2024 e fevereiro de 2025, as empresas tiveram 60 horas de capacitação, sendo 50 horas de consultorias e 10 horas de imersões coletivas, com foco em organização do layout, gerenciamento inteligente dos estoques, segurança e exigências regulatórias, motivação e ambiente de trabalho, e satisfação do cliente.

As cinco imersões e 10 horas de atendimento individual custariam cerca de R$ 7.400 por oficina, valor que algumas delas teriam dificuldade para pagar. Graças ao Procompi, que subsidiou 83% do valor, as empresas desembolaram apenas R$ 1.250 por toda a capacitação. O investimento trouxe retornos significativos.

Oficina mecânica participante do Procompi em Minas Gerais. O projeto, realizado entre 2024 e 2025, transformou a rotina de 15 empresas do setor automotivo com foco em gestão, organização e atendimento ao cliente, resultando em aumento de produtividade

Do caos ao céu 2v1p1z

Há 14 anos no mercado, a Fabrício Car vivia um “estado caótico” antes de participar do projeto, descreve a gerente da oficina, Andréia Martins. Além do ambiente pouco organizado, a empresa não possuía ferramentas de gestão financeira nem de pessoas. “A gente não conseguia reter os colaboradores, porque contratava errado”, lembra.

Ao lado do marido e sócio, Andreia encarou o projeto como uma oportunidade para mudar a trajetória da oficina, localizada em Santa Luzia, município da Região Metropolitana de Belo Horizonte. Deu certo. Hoje, ela celebra os resultados. “Nós melhoramos o layout e implementamos ferramentas de controle financeiro. Nosso fluxo de clientes subiu 26%. Em relação ao início da consultoria, a receita da oficina cresceu mais de 40%”, compara.

Há melhorias que nem mesmo os números são capazes de quantificar, mas que orgulham a pequena empresária. “Conseguimos contratar pessoas de acordo com o perfil que precisávamos. Era algo que a gente sentia muita dificuldade”, relata.

Padronização de sucesso 4d6u2i

A falta de padronização dos processos era um problema que pouco atrapalhava o funcionamento da Top Car em seus primeiros anos. Mas com o crescimento repentino da oficina, os proprietários perceberam que era hora de melhorar.


“O cliente conversava com um mecânico, que tratava da demanda no pátio da oficina e só reava as informações. Acontecia de alguma informação se perder, então a gente tinha que procurar o cliente novamente para tirar mais dúvidas. Às vezes era coisa que ele já tinha falado”, diz Letícia Cardoso, gerente-istrativa da empresa.


Letícia e os colaboradores buscaram aplicar no dia a dia de trabalho todas as dicas que receberam nas imersões coletivas e nas consultorias individuais. Além de padronizar o atendimento aos clientes, a oficina foi repaginada, mudanças que elevaram o desempenho da empresa. “A gente mudou alguns equipamentos de lugar e criamos mais vagas na oficina. Transitar com o carrinho de ferramentas ficou mais fácil, até a manobra dos carros ficou mais rápida. Com isso, a equipe ou a produzir mais”, explica.

Mais organizada e eficiente, a Top Car viu o fluxo de clientes crescer 9% depois do projeto, o que se refletiu em um aumento de 18% da receita.  

Resultados traduzem sucesso absoluto 1k6s1z

O projeto reorganizou a estrutura física e otimizou o fluxo de trabalho das oficinas, mas se destaca também pelos resultados que os pequenos empresários viram nas planilhas.

  • 40% de redução média de custos operacionais;
  • 30% de aumento médio da produtividade;
  • 10% de crescimento médio da receita;
  • 10% em média de melhoria na qualidade dos serviços.

Para Raquel Lopes, coordenadora de Projetos para a Indústria do IEL-MG, um dos diferenciais da iniciativa foi basear a metodologia em indicadores, captando resultados do início ao fim. “Há projetos que trazem ótimos resultados em termos de apropriação pela empresa, satisfação do empresário, mas que, eventualmente, a metodologia não permite que isso seja palpável. Nesse projeto você vê números o tempo todo. A gente não fica com aquele sentimento de ‘ah, o projeto foi ótimo, mas cadê o resultado?’”, compara.

Presidente do Sindirepa MG e um dos idealizadores do projeto, Alexandre Mol comemora o sucesso da iniciativa. “O resultado foi muito além das nossas expectativas. Foi o melhor programa de capacitação de associados que fizemos até hoje, disparadamente o mais assertivo”, avalia.

Vale a pena fazer de novo 51526m

O projeto deu tão certo que será reeditado. A iniciativa foi aprovada na terceira chamada do Procompi e deve começar nas próximas semanas. Dessa vez, o programa terá como foco a alta performance em gestão. De acordo com o Sindirepa MG, o objetivo é que as oficinas participantes obtenham a certificação do Instituto de Qualidade Automotiva (IQA), que tem expertise para avaliar as empresas do setor.


“É inspirador ver as transformações que ocorrem quando as empresas investem em capacitação e aprimoramento dos processos. O Procompi tem sinalizado um caminho de sucesso, abrindo novas perspectivas para um futuro de inovações e conquistas. Sem dúvida, resultados significativos como esses refletem o compromisso contínuo da CNI e do Sebrae com a excelência e o desenvolvimento da Indústria”, afirma Walter Paes Landim, analista de Políticas e Indústria da CNI.


Assim como na primeira edição, 15 empresas poderão participar da capacitação. Os empresários interessados podem procurar o IEL-MG.

Sobre o Procompi j5g66

Criado em 2000, o Procompi é uma iniciativa conjunta da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), cujo principal objetivo é impulsionar a competitividade das micros e pequenas indústrias (MPEs) do país. O programa identifica desafios específicos das MPEs do setor, que chegam a partir de demandas de associações, sindicatos, federações de indústria ou unidades do Sebrae nos estados.

Depois de identificar os desafios, os participantes submetem seus projetos a um comitê formado pela CNI e o Sebrae. Caso aprovados, são executados pelas federações de indústria, em parceria com as unidades do Sebrae nos estados. A atual edição do Procompi começou em 2023 e vai até 2026. Ao todo, o ciclo conta com R$ 24,3 milhões para a execução dos projetos aprovados.

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